Cuidado que um desocupado pode se tornar um Campeão Olímpico
Quando ganhei meu primeiro cachê, fazendo dublagem na Herbert Richers em 1974, o diretor perguntou o que eu ia fazer com o dinheiro, afinal, 300 Cruzeiros era dinheiro à bessa para um moleque de 10 anos.
Quando eu respondi que ia comprar um skate, levei uma das maiores descomposturas de que tenho memória... mesmo assim, não tive dúdidas; comprei, por 300 Cruzeiros, um Torlay (salvo erro, o primeiro skate ainda artesanal, mas de fabricação nacional). Desci muitas ladeiras cariocas com o amigo Joao Fernando (Maria Angélica, Alto Leblon, Estrada da Gávea, Marquês de São Vicente...)
Em Uberaba, nas férias, era o paraíso descer com amigos, como Lelio Cipriani, a Rua Segismundo Mendes que, além de uma ladeira perfeita para a prática, era aonde meus avós moravam. Eu pegava onda e andava de skate. Surfar, só das 5 às 8 da manhã, ou então na Barra da Tijuca (o lugar mais distante que eu já tinha ido na cidade do Rio). Minha prancha, em metros, tinha 2.14cm e nem todo motorista me deixava entrar no ônibus. O skate, como o surf, eram semi-proibidos... Depois fui pra capoeira, que já havia sido proibida, pro samba, sempre persegido, enfim... Podem proibir o esporte, mas nunca o esportista. Podem proibir a arte, mas nunca o artista.
Parabéns aos campeões e a todos os participantes das Olimpiadas, porque, como dizia Helcio Gama, meu mestre de Judô; "Quem perde hoje, ganha amanhã"...